quarta-feira, 21 de maio de 2008

Renato Caldas

Fulô do Mato

Sá Dona, vossa mecê,
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô!
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume,
De tudo qui fô fulô,
Quí nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
- Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É um cheiro bom, déferente,
Qui a gente sintindo, sente,
Das outa coisa o fedô.

Rua da Fome

Essa é a rua da Fome
nela eu quero o meu nome
quando algum dia eu morrer.
caso isso aconteça,
faço questão que apareça
essa sincera inscrição:
"Renato Caldas, um nobre que
na choupana do pobre
entrava como um irmão.
Não era nacionalista
nem ao neologista
estendeu a sua mão.
Viveu sempre embriagado
só não foi no seu passado
ingrato, fresco e ladrão".
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Renato Caldas, O poeta do Assu!
Nasceu em Assu-RN, a 08 de Outubro de 1902. Além de poeta popular, foi um homem de vasta cultura e extrema inteligência, destacou-se também, como um notável seresteiro das noites assuense. O seu mais famoso livro "FULÔ DO MATO", alcançou a 16a. Edição, em 1984.


Olha só!

Renato no dia do seu casamento deixou sua esposa em casa e deu uma escapolida para farrear com os amigos pelos bares da cidade de Assu, retornando a sua nova morada somente pela madrugada. Sua mulher sentindo-se abandonada, rcriminou na hora ao vê-lo chegar embriagado: "Mas, Renato isso é coisa que você faça no dia do nosso casamento: "Besteira, mulher! Eu só vim buscar o violão!" Rebateu Renato e saiu novamente para continuar a bebedeira.